USO DA CANA-DE-AÇÚCAR NA ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES
A cana-de-açúcar foi provavelmente um dos primeiros recursos forrageiros usados pelos colonizadores na
alimentação de ruminantes durante o período seco do ano, no Brasil. Inicialmente, a cana-de-açúcar começou a ser usada como forrageira com duas finalidades principais:
Dentre as gramíneas forrageiras, a cana-de-açúcar se destaca por dois aspectos: alta produção de matéria seca (MS) por hectare e capacidade de manutenção do potencial energético durante o período seco. Além disso, o seu replantio se faz necessário apenas a cada quatro ou cinco anos.
A cana-de-açúcar é insuperável em termos de produção de matéria seca e energia/ha, em um único corte. Nas condições de Brasil Central, a produção de cana integral fresca/ ha/corte pode variar entre 60 e 120 toneladas, por um período de até cinco anos (maior produção no primeiro ano).
• Supor uma produção de 120 t/ha
• 100 animais com peso vivo médio de 300 kg
• 150 dias de alimentação
• Oferta diária/animal = 18 kg (equivalente a 6% do peso vivo de cana fresca/animal/dia).Para calcular a quantidade total necessária de cana: 100 (número de animais) x 150 (número de dias) x 18 (oferta/ animal/dia) = 270.000 kg.
Para calcular a área a ser plantada: 270.000 (necessidade de cana) ÷ 120.000 (produção de cana/ha) = 2,25 ha.
Deve-se lembrar que a produção do primeiro ano é maior em relação às produções seguintes, por isso, sugere-se acrescentar 10% a mais de área para plantio, como margem de segurança, passando então para uma área final de 2,5 ha de cana.
COLHEITA
As pontas constituem cerca de 20%–30% desse total. Para assegurar uma melhor distribuição qualitativa durante a seca e reduzir problemas com florescimento, a Embrapa Gado de Leite (2002a) recomenda plantar metade da área com variedades de cana precoce (RB 83-5486; RB 76-5418; SP 80-1842; e IAC 86-2210), e a outra, com variedades médias/tardias (CB-45-3; RB 72-454; SP 71-1406; RB 73-9743; RB 73-9359; SP 70-1143; e SP 79-1011).
Para garantir boa persistência do canavial, aplicar adubação de cobertura após cada corte, usando a fórmula 20-10-20, na base de 400 kg/ha, no início das chuvas. Em função do tamanho do canavial, a aplicação de esterco de curral é altamente recomendável.
O plantio pode ser feito entre os meses de outubro e novembro, com produção menor, mas já disponível na próxima seca, ou entre janeiro e março, com maior produção, mas disponível apenas na seca do ano seguinte. Na fase inicial, manter o canavial limpo e com controle rigoroso no ataque de formigas.
A área a ser plantada depende da produção esperada por hectare e do número de animais e dias de alimentação. O cálculo desta área é feito da seguinte forma:
• 100 animais com peso vivo médio de 300 kg
• 150 dias de alimentação
• Oferta diária/animal = 18 kg (equivalente a 6% do peso vivo de cana fresca/animal/dia).Para calcular a quantidade total necessária de cana: 100 (número de animais) x 150 (número de dias) x 18 (oferta/ animal/dia) = 270.000 kg.
Para calcular a área a ser plantada: 270.000 (necessidade de cana) ÷ 120.000 (produção de cana/ha) = 2,25 ha.
Deve-se lembrar que a produção do primeiro ano é maior em relação às produções seguintes, por isso, sugere-se acrescentar 10% a mais de área para plantio, como margem de segurança, passando então para uma área final de 2,5 ha de cana.
Pode ser manual ou mecânica, dependendo da quantidade a ser trabalhada diariamente. Deve ser feita quando a cana estiver madura (período da seca), quando maior será o teor de açúcar (40%–50%, base matéria seca) e melhor o valor nutricional. Não deve ser utilizada durante a fase de crescimento (período das chuvas). Após o corte, a cana pode ser armazenada na sombra, por até três dias; entretanto, uma vez picada, precisa ser imediatamente utilizada, de forma a reduzir os efeitos negativos da fermentação sobre o seu consumo.
Independente da forma de colheita, a cana deve ser cortada rente ao solo. Se for possível, devem ser retiradas as folhas secas antes do corte. As colhedeiras de forragens existentes no mercado apresentam capacidade de corte próxima de 25 t/hora, e tamanho de partícula ajustável entre 3–18 mm.
Possíveis sobras de cana podem ser utilizadas no ano seguinte, mas isso deve ser evitado, pois compromete o manejo e a produção do canavial. O ideal seria conservar essa sobra sob a forma de silagem ou desidratação (85% a 90% de matéria seca).
VALOR NUTRICIONAL DA CANA
O valor nutricional da cana está diretamente correlacionado com o seu alto teor de açúcar (40%–50% de açúcares na matéria seca), visto que seu teor de proteína é extremamente baixo. O resultado é um alimento nutricionalmente desbalanceado, e quando oferecido como único componente da dieta, o consumo é baixo e não é capaz de atender nem mesmo as necessidades de mantença do animal. Portanto, se o objetivo for alcançar mantença ou ganhos de peso, a cana-de-açúcar, necessariamente, precisa ser suplementada.
Para se atender a situação de mantença ou ganho pouco acima da mantença, a opção mais simples e barata é usar o nitrogênio não proteico (ureia + sulfato de amônio). Este suplemento vai atender diretamente as exigências nutricionais dos microrganismos do rúmen, resultando em melhor consumo e utilização de nutrientes. Já para alcançar ganhos de peso, é necessário atender também as exigências nutricionais do animal, por meio de outros suplementos, tais como farelos, grãos, rações etc. O resultado seriam ganhos entre 400 e 700 g/dia para bovinos em crescimento.
SUPLEMENTAÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR
A cana pode suportar diferentes níveis de desempenho animal, dependendo da forma em que for suplementada. O primeiro nutriente a ser corrigido é o nitrogênio, por ser um elemento essencial para o uso do alto potencial energético da cana. A forma mais simples e barata de atender essa exigência é com a uréia mais uma fonte de enxofre.
Ao alcançar o rúmen, a ureia libera amônia, que, combinada com os produtos da digestão do açúcar (os ácidos graxos voláteis), irão formar a proteína microbiana. Este tipo de suplementação é conhecido como Sistema Cana + Ureia, que, segundo a Embrapa Gado de Leite (2002b), consiste do seguinte:
Preparar uma mistura de 8,5 partes de uréia + 1,5 parte de sulfato de amônio (fonte de enxofre), guardando-a logo em seguida, nos próprios sacos da uréia (amarrar bem a boca do saco, pois a uréia absorve muita umidade e endurece) e estocar até o seu uso.
Para os primeiros 10 dias de alimentação, aplicar com um regador 500 g desta mistura, dissolvida em 4 litros de água, para cada 100 kg de cana fresca triturada. Oferecer em seguida aos animais, que devem ter livre acesso à mistura mineral e água.
Do décimo primeiro dia em diante, usar 1 kg da mistura para cada 100 kg de cana fresca triturada. Esta dieta fornecerá nutrientes ao animal para atender as necessidades de mantença ou um pouco acima (até 200 g/animal/dia), dependendo da variedade de cana utilizada e idade da planta ao corte.
Em função do seu alto teor de carboidratos solúveis, a cana é classificada como um volumoso de média qualidade (valor médio de 58,9% de nutrientes digestíveis totais – NDT), mas com baixos teores de proteína bruta (valor médio de 3,8%) e fósforo (valor médio de 0,06%).
Ao alcançar o rúmen, a ureia libera amônia, que, combinada com os produtos da digestão do açúcar (os ácidos graxos voláteis), irão formar a proteína microbiana. Este tipo de suplementação é conhecido como Sistema Cana + Ureia, que, segundo a Embrapa Gado de Leite (2002b), consiste do seguinte:
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Para os primeiros 10 dias de alimentação, aplicar com um regador 500 g desta mistura, dissolvida em 4 litros de água, para cada 100 kg de cana fresca triturada. Oferecer em seguida aos animais, que devem ter livre acesso à mistura mineral e água.
Do décimo primeiro dia em diante, usar 1 kg da mistura para cada 100 kg de cana fresca triturada. Esta dieta fornecerá nutrientes ao animal para atender as necessidades de mantença ou um pouco acima (até 200 g/animal/dia), dependendo da variedade de cana utilizada e idade da planta ao corte.
CUIDADOS NECESSÁRIOS QUANDO SE USA A MISTURA CANA+URÉIA
• Seguir rigorosamente o período de adaptação dos animais;
• Não fornecer cana+uréia para animais em jejum;
• Observar os animais com regularidade;
• Permitir livre acesso dos animais a água e minerais;
• Fornecer a mistura em cocho coberto ou perfurado, para evitar o acúmulo de água;
• Jogar fora a sobra no cocho do dia anterior; e
• Caso ocorra a interrupção do fornecimento da mistura aos animais, é necessário reiniciar o período de
adaptação.
• Não fornecer cana+uréia para animais em jejum;
• Observar os animais com regularidade;
• Permitir livre acesso dos animais a água e minerais;
• Fornecer a mistura em cocho coberto ou perfurado, para evitar o acúmulo de água;
• Jogar fora a sobra no cocho do dia anterior; e
• Caso ocorra a interrupção do fornecimento da mistura aos animais, é necessário reiniciar o período de
adaptação.
A ureia pode ser utilizada nesse arraçoamento para todas as categorias de bovinos. Os bezerros a partir de
2 meses de idade estão teoricamente aptos a receberem a mistura cana+uréia. Deve-se entretanto,
acompanhar cuidadosamente essa categoria animal, para evitar possíveis casos de intoxicação.
FONTE : EMBRAPA