O uso da cana-de-açúcar é alternativa de alimentação para cabras leiteiras

cana-de-açúcar in natura pode ser uma alternativa mais barata de alimentação para cabras leiteiras em períodos de escassez de alimento para os animais de pequena produção, em substituição à silagem de milho



Foi o que mostrou o estudo da Unesp de Botucatu, com colaboração Câmpus de Jaboticabal, de autoria do pesquisador Gil Ignácio Lara Canizares, que testou a dieta em animais da fazenda experimental de Botucatu e em diferentes proporções – 100% silagem de milho no volumoso; 33% de cana e 67% de silagem; 67% de cana e 33% de silagem; e 100% de cana-de-açúcar. 



Nos quatro casos, não houve variação na produção de leitedas cabras, que mantiveram uma produção diária de 1,7 litros por cabeça. “Foi uma sugestão como uma substituição parcial no volumoso da silagem de milho, que muitas vezes fica inviável economicamente para o produtor. A cana pode ser substituída em pequenas quantidades para nutrição de cabras que não têm alta produção, em épocas críticas de produção de alimento”, afirma. 

Apesar de possui um alto valor energético e da facilidade de obter o produto em algumas regiões, a cana apresenta algumas ressalvas que devem ser levadas em consideração pelo produtor na hora de substituir a alimentação do rebanho. “Uma das coisas que dificulta o uso da cana-de-açúcar para alimentação das cabras leiteiras é o seu alto teor de fibras. A cana-de-açúcar tem um potencial de digestão de cerca de 50%, enquanto a silagem de milho tem entre 65% a 70%”, explica Canizares. 

Além do alto teor de fibras, outras desvantagem da cana é o seu baixo teor de proteínas. “Por isso, uma ideia é diluir um pouco de uréia como parte do concentrado para formar parte da dieta”, orienta. 

Embrapa 
Embrapa Caprinos e Ovinos também vai começar, ainda este ano, um estudo com a utilização da cana-de-açúcar para a alimentação de cabras leiteiras de baixa produção como alternativa mais econômica. 

“A gente sabe que a cana é um alimento energético, rica em carboidratos solúveis, mas, ao mesmo tempo, tem um teor de fibra alto, o que compromete um pouco a ingestão. Então vale a pena a gente pensar em trabalhar por conta desse aspecto positivo (alimento energético) em fornecer a cana para os animais”, afirma o pesquisador da instituição, Marcos Cláudio Pinheiro. 

Segundo ele, a importância de analisar o potencial da cana-de-açúcar como alternativa está relacionada ao sistema agroindustrial do país e à região onde naturalmente há uma produção de cana.“Toda vez que você trabalha com alimentos alternativos, a ideia é ver o valor nutritivo e a disponibilidade regional, porque é isso que vai fazer com que alguém tome a decisão de substituir um alimento tradicional por um alternativo”. 

Pinheiro ressalta, ainda, que é possível verificar, no site da Embrapa, outras alternativas de alimentação para caprinosovinos com estudos já realizados pela empresa com subprodutos de frutas como o maracujá, abacaxi, acerola e algumas plantas forrageiras. 

“Cada tipo de subproduto tem uma caracterização própria para o produtor. Então, ele pode acessar o site da Embrapa Caprinos e conferir as pesquisas realizadas com cada produto e, a partir daí, tomar uma decisão com o que ele espera substituir”, destaca. 

fonte revista globo rural
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